03 outubro, 2006

Rir Connosco

Tanto há que dizer que não sei. Perco a vontade de escrever porque sei que nunca nem a meio chegarei de tudo o que tenciono dizer e transmitir às pessoas. Mas sempre farei algum progresso; e, com a ajuda dos meus companheiros Degredo sei que conseguirei progredir.


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Há coisas elementares no Degredo que poucos ainda aprofundaram. Sei eu, sabe a Trilogia, desconheço se o infame Vilão também sabe, mas eu ignoro a sua nefasta e malcheirosa existência, por isso, aqui vou eu.

O Degredo tem o centro numa coisa que todos conhecem, e que todos, com o tempo, aprenderam a conhecer: a amizade. Portanto, oh, que seca, a amizade, essa treta do costume que todos os anos alguma disciplina há-de tentar definir, seja Francês, Inglês, Português. Até em Educação Física se tenta descrever a amizade. Mas nesse caso é a inimizade que temos ao teste de Cooper.

Bem, a amizade, sim, e porquê, me perguntais vós. Quando um amigo se torna receptivo, sorrindo, ele está a ser amigo, está a dar-nos um espaço do seu pensamento e tempo para interpretar a linguagem das nossas palavras e para as armazenar na sua memória. Há sempre quem seja uma espécie de onda curta: recebe o que lhe dizem mas muda de frequência, ignorando ou passando ao lado do que lhe dizem. Há esses preconceitos que toda a gente conhece, ou então aqueles mais íntimos, que ficam bem escondidos, mas que nos dão carta branca para deixar um amigo enganado a falar e a falar, ele que fale, afinal, ele há-de acabar o que tem a dizer e há de fazer valer o seu ponto, não vou ser eu que o vou impedir, mais rapidamente se cala.

É assim, por vezes. E quantas e tão variadas vezes não nos rimos? De outros? Sim, porque de pessoas que conhecemos é indelicado, não vou gozar um amigo, mas na rua todos aqueles preconceitos e inexperiências visuais (de estilos e géneros que não estamos habituados a ver) parecem inocentes e rimo-nos de pessoas que possam passar por nós. Mas rimo-nos, educada e pontualmente, tendo o cuidado da pessoa não reparar.

É a má educação educada. Mas seremos mais adultos; qual a melhor forma de gozar? Com quem é que podemos gozar eternamente? Connosco. Ou com os outros, se eles estiverem a participar, obviamente. Podemos gozar-nos mutuamente, e é disso, julgo, que nasce a amizade. A confiança de chamar gordo ao gordo e de o gordo nos chamar de gay, não porque o somos, mas porque lhe fica bem chamar-nos um nome de volta.

O Degredo cultiva isto, e muito mais. Com ele, podemos juntar os nossos conhecimentos a teorias científicas, humanas e espirituais; se, no fim, a gargalhada surgir, então estamos no bom caminho. Posso dizer que o Degredo é um upgrade da amizade comum. Ter brincadeiras degradantes é, de fora, ridículo, mas é, de dentro, o expoente da confiança e da amizade, e da juventude.

Não digo que o Degredo tenha de ser difundido. Não. Posso apelar a que ele seja reconhecido, pelo menos. Olha aqueles cromos, devem ser atrasados mentais, porque estão eles deitados no meio da rua, agora que não passam carros? Segundo o Degredo, eles não o são, se for eu e o Zé, por exemplo (Comandante Degredo), estamos deitados na estrada porque ninguém nos proíbe a isso se não incomodarmos ninguém nem sujarmos as roupas. É Degradante? E qual é o objectivo disto, e, alargando a visão, qual é o objectivo de todo o Degredo?

Divertirmo-nos, ora que esta! Sim, pura e simplesmente, saber que nos podemos rir sempre que enunciamos os nossos poderes, as nossas observações mais inoportunas quando as podemos dar, é fixe, é engraçadíssimo, é Degradante, é a maneira mais croma de passar o tempo.

Por exemplo (verídico), qual não é a reacção dos vulgares humanos que passeiam na rua, quando me vêm, Capitão Degredo, a lutar contra o Comandante Degredo, com sabres luz de plástico, nunca esquecendo as frases mais conhecidas da Guerra das Estrelas, citando uma, “Eu sou o teu pai?”

E quando vem o nosso Deus atrás? Ele, espero que já tenham percebido, pois se não o fizeram, o Degredo até se sente mal, é a essência de todo o Degredo nos dias que correm, e é a ele que vamos correndo buscar conselho. Ele consegue falar, num segundo, de Aristóteles, e, no segundo a seguir, estar a contar uma seca, mas a mais secante, daquelas que ninguém ri, a não ser quem perceba a variação Degredo daquela anedota.

É todo um mundo de variações. E de estados de espírito. Rir, por rir, por vezes. Rir só porque estamos juntos, rir do nosso Deus porque conseguiu ter uma atitude normal. E depois, claro, sempre e todos os dias, o nosso Cumprimento Degredo, algo mais do que sagrado, algo mais do que degradado.

Mas isso virá numa futura lição. Vosso,

CAPITÃO DEGREDO