Sopa de Pedra
Olá terráqueos, habitantes do rés-do-chão da Vida! Cheguei pela segunda vez à gare do verdadeiro conhecimento, à estação que não se mede ao metro nem ao comboio! Eu, Franziskaner, Franzy para os amigos e FF para as amigas, voltei!
(OK, estava a brincar! As minhas amigas chamam-me Farrusco! O primeiro que me ousar chamar FF leva um raio ou um trovão na cabeça, ah pois é! Não se esqueçam que eu chamo o Pai, e ele ferve em pouco oceano!)
Voltando a coisas sérias e menos mundanas, finalmente consegui instalar o Word neste computador para escrever sem que o palhaço do Blogger me coma os textos. Tive de pedir autorização ao administrador, aqui ao Deus, para poder instalar o Office, visto que aqui no céu só se usam coisas “Livres”, tipo o OpenOffice, ou aquele do Google que não me lembro como é que se chama.
“Oh, Deus, anda lá, e mesmo que tu não queiras, já que és perfeito, podes meter uma cunha na tua mente para te esqueceres que eu instalei! Hã? Temos acordo?”
Ele ainda pensou um bocado, e acabou por preferir não se esquecer daquilo, depois reparou que até já se podia ter esquecido mas eu lembrei-o só para gozar com ele. Então ele falou-me:
“O que é que o Deus Degredo responderia a isso?”
“Não sei.”
Que Degredo.
No outro dia aborreci-me de passar o tempo todo a passear nos jardins do Céu. Pá, até gosto, mas são sempre tão bonitos e tão bem trabalhados, tão impossivelmente perfeitos e tão consideravelmente bem aromatizados que uma pessoa se chateia de tanto exemplo, de tanta e invejável mestria do nosso Deus.
Refiro-me ao Deus Pai, não ao Deus Degredo. O Deus Degredo tem as suas virtudes, mas uma delas anula muitas das outras: o facto de ser um Degredo Perfeito nega todas as outras perfeições, tornando-o Degredo em todos esses ramos no qual não é Perfeito, como o Pai.
Pelo outro lado, o Pai não é perfeito no Degredo. Aqui é que está a coisa. Há gente que se diverte a provar que ele não é omnipotente, através, por exemplo, daquela mítica e abrangente pergunta:
“Pode Deus criar uma pedra que ele não possa levantar?”
Eu, Franziskaner, após tantos e tão variados estudos aqui no Além, cheguei finalmente a uma conclusão sobre Deus Pai. Ele, de facto, não pode criar uma pedra que não consiga levantar. Estará aqui provado que ele não é omnipotente? Não, meus amigos! Está aqui provado que ele não faria uma coisa dessas, e pronto, visto que
(E corrijam-me se estiver enganado)
A única criatura, com o poder da criação, que criaria uma pedra que não conseguisse levantar… quem é? Pois claro! O Deus Degredo! Há que ser Degredo para responder a certas perguntas. Deus Pai não faria essa pedra, primeiro, porque o provaria imperfeito; segundo, porque ele sabe que a única imperfeição sua é no Degredo; terceiro, porque apenas o seu colega Deus Degredo sentiria necessidade de verificar se consegue levantar uma pedra que criou de propósito para não levantar.
Aqui está… descobri a primeira utilidade do nosso Deus! Hurra!
É verdade, meus amigos, esta é a hora em que eu devia estar a relatar-vos uma das minhas aventuras degradantes à volta do mundo. Tenho muitas para contar! E sabem que mais? Acho que vou voltar aí para baixo um dia destes. Aqui em cima tudo é tão bem feito que até chateia. A única coisa Degradante para estudar são as falácias do Deus Pai, e eu já estou cansado delas.
Como por exemplo, se Deus Pai é omnipresente, porque é que pergunta ao Jesus onde é que meteu as chaves do carro? E porque é que monta puzzles, se sabe o paradeiro de todas as peças? E porque é que me faz perguntas, se sabe todas as respostas?
Começo a duvidar que ele existe, e que eu apenas estou num sonho Degradante, preso numa realidade qualquer. O Degredo, nesse caso, estaria a ensinar-me uma lição, mais uma que eu posso tirar. Nunca cessa de me surpreender.
Mais uma coisa! Sugeri ao Capitão Degredo que pusesse um contador de visitas no Blog Trilogia Degredo, mas ele ficou muito corado e disse-me que, no seu contador, só ia aparecer uma visita. A tua, sim, TU, que estás a ler isto. Por isso, já que és só TU, ele resolveu não pôr nenhum contador. Não era Degradante, era simplesmente estúpido.
E sim, as histórias do Comandante são, de facto, verídicas. Comecei a perguntar-me, olhando para o Castelo Branco, se era realmente eu quem deveria estar a usar saias. Mas era uma norma no lugar onde cresci… nem o hábito faz o monge, nem a ignorância o verdadeiro Degredo. Há sempre mais que aprender. Comandante Degredo, essa tua história dos intestinos em fúria já me começa a cheirar mal!
Aguardem novas daqui de cima!
FRANZISKANER